A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é um inseto sugador de ocorrência conhecida a mais de 15 anos nas lavouras de milho na região central do Brasil. No entanto, na região sul do país sua ocorrência é recente e no último ano, provocou grandes prejuízos a cultura no estado do Rio Grande do Sul, se tornando no contexto atual, a principal praga da cultura do milho.
A cigarrinha do milho é uma praga que se reproduz e provoca danos exclusivamente na cultura do milho. A praga provoca danos diretos através da sucção da seiva da planta e principalmente através da transmissão de microrganismos causadores do chamado complexo do enfezamento. O inseto é vetor do espiroplasma (causador do enfezamento pálido), do fitoplasma (causador do enfezamento vermelho) e também do raiado fino ou vírus da risca.
Esse complexo de microrganismos transmitidos pela cigarrinha se desenvolve nos vasos condutores de seiva da planta, impedindo a adequada movimentação de água, nutrientes e energia no sistema vascular da cultura. Esse processo desencadeia distúrbios hormonais e fisiológicos além de debilitar o sistema de defesa da planta, sendo porta de entrada para doenças oportunistas que se desenvolvem no colmo e espigas do milho.
A ocorrência de doenças secundarias na cultura como fungos que atacam o colmo das plantas é um dos principais causadores de perdas na cultura, já que pode ocorrer a má formação das espigas e dos grãos (grãos chochos) e principalmente o tombamento das plantas, cujos prejuízos podem chegar a 90% de perdas, dependendo da pressão da doença e da sensibilidade do híbrido.
Com relação ao manejo da praga, algumas ações são fundamentais para conviver com a doença, considerando a dificuldade de controle da praga e que não há hibrido resistente ao complexo do enfezamento. Precisamos observar também que a transmissão com maior potencial de dano dos microrganismos causadores dos enfezamentos ocorre na fase inicial da cultura, ou seja, da emergência até V8, sendo essa a fase mais crítica para manejo da praga e da doença.
Nos ensaios conduzidos na Área Experimental da Coopermil e através das informações de pesquisadores parceiros e das companhias obtentoras dos principais híbridos de milho, observamos que ações como a escolha de híbridos com maior tolerância ao complexo do enfezamento, tratamento de sementes com neonicotinóides e aplicações de inseticidas em parte aérea sempre que constatada ocorrência da praga na lavoura são ações fundamentais.
Salientamos também a preocupação para a safra 2021/2022 que se iniciará nos próximos dias. Desde setembro de 2020, a Coopermil em parceria com a Syngenta e CCGL vem monitorando através de armadilhas a ocorrência de cigarrinha. Durante todo o período de avaliação, inclusive nas últimas semanas quando houve a ocorrência de frio, as coletas semanais indicam elevada população da praga.
Este acompanhamento é importante pois serve de alerta em relação as lavouras que serão estabelecidas na sequência. Salientamos que é de fundamental importância o monitoramento das áreas de cultivo e planejamento de estratégias de manejo junto a Assistência Técnica para conduzir a cultura da melhor forma.
Eng. Agr. Andre Goral
Equipe Técnica Coopermil